Tão bom, tão bom , tão bom… Há algum tempo que não lia um
livro diferente e surpreendente. Onde não conseguimos imaginar como vai acabar,
onde a cada par de páginas achamos que vai acabar de forma diferente e queremos
que acabe de forma diferente.
Para mim, mais do que um contador de histórias, Haruki
Murakami é um contador de pessoas. Só assim faz sentido tudo o que não tem
sentido nos seus livros, porque o que estamos a ler é alguém em toda a sua complexidade.
Ele descreve as pessoas na sua simplicidade, nos seus hábitos, nos seus gestos…
mas depois vem a “loucura” vêm os circuitos elétricos no cérebro, vem o shuffling, vêm os Semióticos e os Invisíveis,
vem a cidade perfeita rodeada por uma muralha e povoada por unicórnios… vem o
Fim do Mundo.
Tudo para nos falar de uma aceitação sem resignação. Da
capacidade de aceitar o mundo até aquele ponto em que podemos deixar de ser quem somos. Da perceção de que podemos sempre ser nós mesmos independentemente do
sítio, das circunstâncias e das pessoas que nos rodeiam.
“Dizes-me que nesta cidade não há lutas, nem ódio, nem
esperança. Magnífico! Olha se tivesse forças, eu aplaudia. Mas o facto de não haver
lutas, nem ódio, nem desejos significa que também não existe o oposto de tudo
isso. Ou seja, não existe alegria, serenidade ou amor. É porque existem o
desespero, a desilusão e a tristeza que há alegria. Uma serenidade sem
desespero é coisa que não existe em parte alguma. É a isso que eu chamo a "natureza".”
LEYA
565 páginas
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