É o primeiro livro que leio de Philip Roth e não sei se ele faz sempre isso, mas neste ficou-me agarrada à pele a sensação de que ele despe as pessoas, despe-as até ao osso.
Quando tento encontrar uma descrição para essa forma de despir, penso em profundidade mas logo discordo, não é bem uma questão de profundidade, penso em sensibilidade, ok é, mas também é mais do que isso, é ser cru, real, mas então e a sensibilidade? É um despir humano, humano...
Eu, que mais facilmente discordo do que concordo com a Clara Ferreira Alves, acho esta classificação perfeita:
"É o romance mais humano, humanista, humanizado e humaníssimo que ele escreveu"
É humano todos sermos fortes e fracos, sermos seguros e inseguros, sermos agressores e vitimas, sermos arrogantes e vulneráveis, sermos vilões e heróis.
É humano fazer parte da manada, é humano não o conseguir fazer, é humano lutarmos por nós por sair de dentro de água e conquistar o nosso lugar ao sol, é humano lutar por uma causa por um ideal por um mundo que achamos que será melhor.
Não sei se é humano conseguir viver sem cair na tentação da moralidade mas este livro ajuda, porque no fundo todos temos pedaços de lixo malcheiroso dentro de nós.
"Só raramente, no fim do nosso século, a vida oferece uma visão tão pura e pacífica como esta: um homem solitário sentado num balde, a pescar através de quarenta e cinco centímetros de espessura de gelo num lago cuja água se renova constantemente no cume de uma montanha arcadiana, na América."
410 páginas
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