27 de novembro era
(é) o dia do meu pai. Tão próximo do meu dia, mas já de signos diferentes e, no
entanto, percebo mais agora, com boas coisas em comum
Hoje, dia 27 de novembro, terminei “O Tamanho do Mundo” que
fala muito de um pai que não era, que não foi perfeito…
… mas que apesar dessa imperfeição merecem uma pequena
homenagem… se um empurrava a filha no baloiço para que tocasse nas nuvens com
os pés, o outro ensinou a filha a nadar e transmitiu-lhe o amor pela água…
ambos foram ausentes de forma diferente, ambos marcaram de forma decisiva as
filhas… “que pena não ter entendido o amor que apesar de você não saber dar-mo
recebi de si”…
Lá está António Lobo Antunes a colocar tanto amor numa só
frase.
(sim, a pequena homenagem já acabou, não é confortável
mostrar essa parte de mim)
Este blog começou por causa de Lobo Antunes, pela enorme estupefação
que senti quando o li, não imaginava que alguém escrevesse assim… sobre o amor.
Sim, para mim, Lobo Antunes escreve sobre o amor e recupero a primeira frase
que escrevi em 2004 “ Um livro
repleto de personagens complexas que acima de tudo precisam de amor e tentam
encontrá-lo, algumas não da melhor forma.”
Eu que não fiz nada para isso, sinto orgulho por António
Lobo Antunes ser português, por escrever na nossa língua.
“A solidão mede-se pelos estalos dos móveis à noite quando a
poltrona em que me sento de súbito desconfortável, enorme, e os objetos
aumentam nos naperons, inclinados para mim a escutarem, a quem terá pertencido
a santinha da talha a que falta um dos dedos, que garganta tosse dentro da
minha a chamar, que segredos são estes de que não entendo as palavras, o que desejam
ao certo vindos de uma gaveta empenada, cheia de laços de cabelo desbotados e
fotografias antigas”
284 páginas
D. Quixote