terça-feira, 27 de dezembro de 2022

O Evangelho segundo Jesus Cristo @ José Saramago


Não sei quantas foram as vezes que já li, ouvi ou vi a história de Jesus. Sei que gostei de o conhecer em todas as versões. Não sei ainda onde estão os limites do quanto a religião, que foi criada depois da sua morte, me marcou e me moldou.

É impossível dissociar Jesus da instituição Igreja Católica e ao mesmo tempo podemos claramente ver o que é um e o que é a outra. É impossível não aceitar que se é a história mais conhecida do mundo, e uma história bonita, deixou também um rastro de sangue e sofrimento.

E Saramago diz-nos que esse sangue só existiu porque para Deus os fins justificam os meios, porque a sua vontade de conquistar o mundo a outros Deuses se sobrepôs a todo o sofrimento que isso causou.

Saramago não é meigo para o Pai de Jesus, não lhe perdoa a ambição e expõe o seu lado caprichoso e corriqueiro:

"Senhor, diz-me, Cala-te, não perguntes mais, a hora chegará, nem antes nem depois, e então saberás o que quero de ti, Ouvir-te, meu Senhor, é obedecer-te, mas tenho de fazer-te ainda uma pergunta, Não me aborreças, Senhor, é preciso, Fala, Posso levar a minha ovelha, Ah, era isso, Sim, era só isso, posso, Não, Porquê, Porque ma vais sacrificar como penhor da aliança que acabo de celebrar contigo, Esta ovelha, Sim, Sacrifico-te outra, vou ali ao rebanho e volto já. Não me contraries, quero esta, "

Deve ter sido o tom que fez com que a Igreja Católica também não perdoasse Saramago. Isso e o facto de Jesus e Maria Madalena serem amantes (no sentido mais belo que esta palavra pode ter, diga-se de passagem). 

Mas é apenas um livro, maravilhosamente bem escrito, mas apenas um livro escrito por um homem... tal como a Bíblia, um livro escrito por homens. 


Caminho

445 páginas 

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