domingo, 27 de novembro de 2022

O Leitor - Bernhard Schlink // O Livro de Aron - Jim Shepard

 


O Holocausto sempre me causou uma grande impressão, acho que é o mais comum e o mais normal, não me sinto absolutamente nada especial por tudo aquilo me causar tanta repulsa, que outra sensação poderia causar?

Nunca procurei por histórias, até evitei algumas (como o Diário de Ann Frank), todos os filmes que vi e livros que li, foram porque me vieram parar às mãos sem eu os pedir. Este verão foram estes dois... 

Sempre me perguntei como é que somos  aqueles que estando num engarrafamento há uma hora e desejosos de chegar a casa, não hesitamos em chegar o carro para o lado quando ouvimos  sirenes de uma ambulância, mas também somos os responsáveis pelo holocausto... 

A massa de seres que mostra um comportamento solidário e empático com o estranho que vai dentro daquela ambulância, e aquela pessoa pode ser um ladrão, um assassino, um violador, um pedófilo. É a mesma massa de seres que  assistiu e/ou participou na matança de meros e comuns mortais (incluindo crianças) judeus. 

É este grande enigma que "O Livro de Aron" me relembra, como podemos ser tão bons e tão maus, ou melhor tão empático e tão indiferentes??
"O Livro de Aron" mostra a evolução da perseguição, as primeiras restrições de movimentos e de direitos, a formação dos guetos para judeus, a extinção dos diretos básicos (comida, calor) e só depois o extermínio, quando já estavam no limite da sobrevivência. Atrevo-me a dizer que foi esse avanço progressivo nas medidas que ditou o seu sucesso. Isso e o silêncio dos não perseguidos.

"O Leitor" trouxe-me algo que nunca tinha pensado. E depois de tudo ter acabado, como é que os não perseguidos conseguiram manter a cabeça erguida? Como lidaram com o terrível sentimento de vergonha de terem feito parte daquela história, nem que tenha sido "apenas" como figurantes? Como é que contaram o que aconteceu aos seus filhos, como é que explicaram o seu silêncio/envolvimento? 

Porque nem os judeus foram completamente dizimados nem os seus carrascos o poderiam ser depois. Mas tiveram que voltar a viver todos em paz depois da guerra acabar...

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