Este é o segundo livro que leio de
Joël
Dicker (comecei pelo “A verdade sobre o caso Harry Quebert”) e em ambos senti o
mesmo. Assim que comecei senti que estava a entrar numa montanha russa
desconhecida que me surpreendia em cada curva com emoções fortes. Eu não gosto
particularmente de montanhas russas e por isso fazendo o paralelismo
poder-se-ia dizer que também não gostei de ler os livros. O único aspeto que me
incomodou em todo o processo foi o facto de eu sentir que estava presa naquela
cadeira da montanha russa, como se eu não conseguisse sair dali. Mas é claro
que conseguia sair, bastava fechar o livro… mas não era possível… os livros
foram, para mim, tão absolutamente viciantes, que a opção de fechar o livro foi
algo tão absurdo como saltar de uma cadeira de uma montanha russa em andamento…
e por esse motivo, tanto o primeiro como o segundo foram lidos em pouco mais
que um par de dias.
– Era um dos livros preferidos do Bernard – expliquei-lhe. – Contou-me que o leu durante a guerra, teria uns treze ou catorze anos, e, ao fugir de carro com a mãe e o irmão, foi a ler o E Tudo o Vento Levou no banco traseiro. Corria o boato de que a aviação italiana estaria a bombardear as colunas de civis, e o Bernard, mergulhado na leitura, só desejava que uma explosão não o matasse antes de acabar o livro. Para ele, tratava-se de um grande romance.
– O que é um grande romance? – perguntou Scarlett.
– Segundo Bernard, um «grande romance» é um quadro. Um mundo que se oferece ao leitor, para depois o engolir numa imensa ilusão construída em pinceladas. Se o quadro mostra a chuva, sentimo-nos molhados. Uma paisagem glacial e coberta de neve? Damos por nós a tiritar de frio. E ele dizia: «Sabe o que é um grande escritor? É um pintor, nem mais. No museu dos grandes escritores, do qual os bons livreiros possuem a chave, há milhares de telas à nossa espera. Se lá entrarmos uma vez, nunca mais quereremos sair.»”
Alfaguara
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