Começando pelo autor, Ken Follet, só posso afirmar que se
trata de um grande escritor e um excelente contador de histórias. Se não o fosse
não conseguiria agarrar o leitor durante as mais de 3000 páginas desta
triologia com assuntos tão pouco interessantes, ou digamos de forma diferente,
tão pouco populares como a história e a política tornando-os sim
verdadeiramente interessantes.
Para aqueles, nos quais eu me incluo obviamente, que sempre
tiveram uma enorme dificuldade em viver as aulas de história como um momento
estimulante e surpreendente, acredito que a leitura d’”A Queda dos Gigantes” d’”O
Inverno do Mundo” e do “No Limiar da Eternidade” aumentará a chamada cultura
geral sobre o século passado de uma forma bastante agradável.
A apresentação do nosso passado é feita ao longo da vida de três
gerações de algumas famílias que nos conquistam pela sua autenticidade. As
guerras mundiais não são descritas, são vividas. Os novos modelos de governação
assim como as novas leis não são apresentadas, são conquistadas. Nós não ficamos
apenas a saber o que aconteceu, ficamos a saber também como aconteceu e porque aconteceu.
É claro que é a verdade de Ken Follet sobre toda a história que, se não me engano, é a verdade de alguém que acredita na paz e defende a
democracia, mas não existem verdades completamente imparciais e confesso que me
identifico bastante com esta.
Por outro lado é, na minha opinião, inegável o serviço que
esta obra pode fazer no sentido de mostrar: 1. o quanto as posições radicais
são perigosas, porque o foram efetivamente no passado; 2. que precisamos de ter
cuidado e responsabilidade nas opções socais/cívicas/comunitárias que escolhemos
e daí a importância da política; 3. que foi possível acabar com duas grandes
guerras e que não nos pode interessar de todo entrar no ciclo vicioso.
Pessoalmente sou fanaticamente céptica relativamente a todo
o tipo de fanatismo. O mundo é demasiadamente grande para existir uma só
verdade absoluta e por outro lado é demasiadamente pequeno para acharmos que
conseguimos criar um espaço rodeado de muros onde essa verdade absoluta pode
viver eternamente.
Esta é a primeira vez que escrevo sobre um livro (neste caso
3) quando ainda não o acabei, mas independentemente do que estiver escrito nas
restantes 600 páginas não duvido que mereça estas palavras.
“O jovem pediu um passaporte da Alemanha Ocidental, que era
concedido automaticamente aos fugitivos.
(…)
- Vivíamos ambos no Leste. Ela ainda lá está, mas eu fugi.
- Como?
- Derrubei a barreira com uma carrinha.
- Foste tu? Li isso nos jornais. Eh, pá, que fixe! Mas por
que diabo não trouxeste a miúda?
- Ela não compareceu ao encontro.
- É pena. Queres uma bebida? – Danni foi à parte de trás do
bar.
- Obrigado. Gostava de lá voltar por causa dela, mas agora
sou procurado por assassínio.
Danni tirou duas imperiais. - Os comunistas fizeram uma grande
história da tua fuga. Dizem que és um criminoso violento.
Tinham igualmente pedido a sua extradição. O governo da
Alemanha Ocidental recusara, afirmando que o guarda alvejara um cidadão alemão
que queria apenas passar de uma rua de Berlim para outra. A responsabilidade da
morte pertencia ao regime não eleito da Alemanha de Leste que aprisionava
ilegalmente a sua população.”
Editorial Presença
Livro 1 – A Queda dos Gigantes
Livro 2 – O Inverno do Mundo
Livro 3 – No Limiar da Eternidade
Nenhum comentário:
Postar um comentário