By Rita Viegas:
A pobreza do bairro Miraflorino de Lima, o amor e arte de Paris, a nova cultura de hippies e punks de Londres e a extravagância da cultura oriental de Tóquio são o pano de fundo para a vida de Odília, a chilena, a camarada Arlette, a Madame Robert Amoux, a Mrs. Richarson ou a Kurika, conforme a sua disposição.
“Travessuras da Menina Má” é, na minha opinião, um belo livro que retrata a cegueira e teimosia do amor, apesar de toda a dor que ele pode trazer. Conta a história da vida de Ricardito, um peruano, que persegue eternamente Odília com todo o amor possível e impossível, ao longo das vidas por ela inventadas para fugir à pobreza do Peru, sem nunca conseguir encontrar a verdadeira felicidade ao lado da mulher que ama.
Um livro que nos faz viajar e pensar. Com excelentes descrições das cidades e dos ambientes que nelas se vive, bem como dos sentimentos e emoções do pobre rapaz, amaldiçoado por este amor para toda a vida, numa escrita aparentemente simples mas cativante do início ao fim.
“Acordei por volta das nove da manhã. Já não havia sol. Pela clarabóia divisava-se o céu encoberto, cinzento, o eterno céu parisiense. Ela dormia, de costas para mim. Parecia muito jovem e frágil, com aquele corpinho de menina, agora sossegado, ligeiramente agitado por uma respiração leve e espaçada. Ninguém, vendo-a assim, teria imaginado a vida difícil que teria levado desde que nascera. (…) E como a teria tornado dura e fria ter de se defender com unhas e dentes contra o infortúnio, todas as camas pelas quais havia de ter passado para não ser esmagada nesse campo de batalha que as suas experiências a tinham convencido que a vida era. Sentia uma imensa ternura por ela. Tinha a certeza que a amaria sempre, para minha felicidade e também minha infelicidade.”
Prémio Nobel de Literatura 2010
D. Quixote
375 páginas
Gostei bastante, foi o primeiro deste autor. Também li "Os cadernos de Dom Rigoberto" e estou a ler "A tia Julia e o escrevador". Não sei se posso dizer que há um nuance erótica patente nos seus livros...
ResponderExcluirEsses ainda não li...
ResponderExcluirMas o "Conversa n'A Catedral" e o "Pantaleão e as Visitadoras" são geniais.
Vargas Llosa é muito bom, concordo com a nuance erótica sempre presente...
Apenas li "A Tia Júlia e o Escrevedor", mas adorei o livro. Adorei o jogo dá troca de personagens.
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