Em ambos os romances as personagens principais são homens com uma ausência quase total de sentimentos “nobres” e princípios morais, que não seguem o modelo normal da sociedade em que estão inseridos. As duas personagens foram propositadamente colocadas no limitar entre o bem e o mal e fiquei com a sensação que esse é o pior local para se estar.
N’O Estrangeiro temos uma personagem apática, cujas necessidades físicas se sobrepõem a todas as outras na maioria das situações. É como se a personagem vivesse “no ar”, noutro mundo, à parte de tudo o que a rodeia. Deixa-se levar pelas oportunidades e pelas pessoas que conhece sem fazer qualquer juízo de valor. Acaba por ser condenada pelo crime que cometeu e por todas as atitudes tomadas em sociedade.
N’A Queda a personagem que enche as páginas do livro é de uma complexidade interessante. Alguém que passa por várias experiências de vida sem mudar a sua postura evasiva e extremamente egoísta. Constrói uma teoria sobre a vida muito bem estruturada mas baseada apenas nas suas observações e vivencias. Encontra o seu lugar, separado de toda a sociedade, para onde arrasta quem cai na sua teia.
Albert Camus não perdeu uma oportunidade para manifestar o absurdo da existência, foi sem dúvida um grande escritor que retratou angústias da sua época e os dilemas e conflitos já observados por escritores que o precederam, tal como Franz Kafka e Dostoiévski.
Prémio Nobel de Literatura 1957
Livros do Brasil
A Queda: 116 páginas
O Estrangeiro: 118 páginas
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O Estrangeiro de Camus é para mim uma das melhores obras que li até hoje.
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