Muito resumidamente… a Petra é uma pessoa muito colorida, que coloca profissionalismo e paixão em tudo aquilo que faz e que viaja na maionese quando tem que falar aos seus alunos, dos grandes escritores e das suas grandes obras.
Saramago é um grande escritor e o Memorial do Convento é uma grande obra, que a Petra, como professora de Língua Portuguesa que é, descreve plenamente...
By Petra Fernandes:
Memorial do Convento, de José Saramago é uma obra em três vertentes: a social, a histórica e a ficcional.
Saramago, nesta obra recorre a um momento da História e, em forma de narração alegórica, propõe uma reflexão sobre esses acontecimentos, sobre o comportamento e o destino humano e sobre um mundo onde há a magia do inexplicável.
O facto de existirem várias personagens que realmente existiram e que se misturam com personagens fictícias dá-nos a sensação de que esta obra se dirige à crítica da maior parte das personagens reais e à valorização das personagens fictícias que, não tendo existido, representam o povo (Baltasar e Blimunda).
Saramago descreve detalhadamente datas, locais e até mesmo horas de alguns acontecimentos históricos, mas o fio condutor da história é o amor de Baltasar e Blimunda e a construção da passarola. Baltasar e Blimunda vivem um amor sem regras e sem limites, instintivo e natural. Não há discurso amoroso, as palavras tornam-se desnecessárias quando o silêncio é rico de significação, quando entre os dois há apenas amor, paixão, gozo, cumplicidade, entendimento perfeito.
Blimunda é um elemento mágico não explicado, pois com os seus poderes mágicos «vê» as vontades, «olha» as pessoas por dentro e esta faceta de vidente confere-lhe um poder especial, que, inclusive, fará a passarola voar. A passarola constitui um símbolo de liberdade, mas igualmente de luz, de guia. Com a «recolha das vontades», combustível necessário para levantar voo, percebemos que, sem o querer humano, nenhum progresso científico, por si só, faz avançar o mundo.
No final da obra, a recolha da «vontade» de Baltasar por Blimunda marca a junção destes dois seres para sempre, o que demonstra que «o amor existe sobre todas as coisas».
Nesta obra Saramago pretende assim negar a ideia de que D. João V «ergueu» o Convento de Mafra, mas sim dar esse mérito ao povo e às vidas que por aquele convento foram sacrificadas.
Desejo a todos uma boa leitura, pois é uma obra muito rica e interessante! Não se vão arrepender «Vale sempre a pena se a alma não é pequena»
Caminho
359 páginas
Foi o melhor livro que li até hoje. A reconstituição histórica da construção do Convento de Mafra é, quanto a mim, insignificante tendo em conta a história de Sete Sois e de Sete Luas. Quantas coisas deixam de voar por causa das vontades.
ResponderExcluirFantástica obra deste que, indubitavelmente, é um autor que sintetiza em si toda a alma lusófona. Recomendadíssimo!!!!!
ResponderExcluirEstou prestes a começar este livro, estou muito curiosa!
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