Um romance histórico que retrata a vida de D. Leonor Teles, uma mulher sem dúvida muito emancipada para a época, D. Fernando, um rei belo, fútil e fraco que o escritor não perde a oportunidade de lhe mostrar as fraquezas e ridicularizar de forma soberba e toda uma corte cheia de manias, caprichos e luxúria.
A escrita caracterizo como deliciosa, a história é contada com pontadas de humor, ironia e descrições ricas que nos envolvem quer no calor da corte, quer na miséria da maioria dos portugueses.
“Depois, e após uma breve pausa, o rei levantou-se da cama, deu um suave beijo no rosto da irmã e dirigiu-se a uma das janelas para espreitar lá fora o tempo, o Tejo e a cidade. O tempo estava cinzento e triste; o Tejo cumulado de barcos cheios de sal, fruta, pescado e vinho, corria manso; a cidade, essa, plasmada como sempre de imundície, fervilhava de catalães, genoveses, biscainhos, aragoneses, milaneses, galegos, castelhanos, corsos e muitos outros vindos de distantes paragens, acotovelando-se nas ruas e vielas, nos cais de escambo na alfândega, na Corredoura e no Rossio de São Domingos.
Com a mão esquerda apoiada no parapeito da janela e com a direita coçando a cabeça como se tal gesto quisesse afastar da lembrança os seus críticos e detractores”
Oficina do Livro
444 páginas
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