
Neste livro, Jorge Amado, descreve de forma concreta a vida de um grupo de crianças de rua. Vidas difíceis cheias de privações em todos os campos. Mostra a falta de oportunidades que estas crianças têm e o enorme medo de acreditarem nas poucas que aparecem.
Ao longo do livro percebemos que são crianças, apenas crianças, várias carentes, muitas traumatizadas e revoltadas, algumas líderes, poucas puras, todas sonhadoras. Os sentimentos dos quais foram privados: amizade, partilha, amor… nascem nesta família “Capitães da Areia” formada por todos.
O excerto que escolhi retrata a surpresa do “Sem-Pernas” quando é acolhido por uma família:
“Mas desta vez estava sendo diferente. Desta vez não o deixaram na cozinha com os seus molambos, não o puseram a dormir no quintal. Deram-lhe roupa, um quarto, comida na sala de jantar. Era como um hóspede, era como um hospede querido. E fumando o seu cigarro escondido (o Sem-Pernas pergunta a si mesmo por que está se escondendo para fumar), o Sem-Pernas pensa sem compreender. Não compreende nada do que se passa.”
O enorme medo que tinha em acreditar que estas pessoas estavam dispostas a dar-lhe tudo, aliado à responsabilidade de pertencer aos Capitães da Areia fez com que ele não se esquecesse do motivo pelo qual entrou naquela casa: assalta-la.
BIIS
Leya
280 páginas
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