quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Livro ◊ José Luís Peixoto


Quando eu leio José Luís Peixoto sou completamente empurrada para minha infância. Eu nasci e cresci numa pequena aldeia (agora vila) do Minho e por isso a minha ligação com a terra sempre foi muito forte. Eu brinquei na rua, andei aos pontapés às pedras, tenho montes de primos, passava muitos dias na casa dos meus avós, fui a pé para a escola todos os dias.

Lembro-me tão bem dos dias de chuva em que eu chegava a casa dos meus avós depois das aulas e tinha uma lareira para me aquecer. Lembro-me tão bem dos dias que passei no campo com o meu avô ou quando ia visitar a minha bisavó.

A minha infância não teve só estes momentos, mas são estes que sinto na pele quando leio José Luís Peixoto, parece que o velho, o antigo, o incerto e o cinzento acordam dentro de mim.

Por isso para mim a leitura é tão intensa…

“Livro” é só mais um livro, não acho que acrescente nada aos anteriores, não penso que isso seja mau.

Aqui fica um pequeno jogo presente no “Livro”:

“Indique os seguintes dados:

(1) Nome da sua mãe.

(2) Autor/a mais antigo que já leu.

(3) Título do último livro que terminou de ler (…).

(4) Primeira coisa que fez hoje ao acordar (infinitivo).

(5) Cor das cuecas que está a usar neste momento.

(6) Número do bilhete de identidade.

(7) Aquilo que vai fazer na próxima pausa da leitura deste livro (infinitivo).

(8) Área da sua casa (em metros quadrados).

(9) Erro que mais lamenta ter cometido (infinitivo).

(10) Lugar onde está (plural).

(11) Adjectivo que melhor caracteriza o penteado neste momento.

(12) Número de vezes que lava os dentes por semana.

Preencha os espaços em branco com as respostas anteriores:

Se algum dia tiver uma filha, hei-de chamar-lhe (1), como a minha avó. Não hei-de obrigá-la a ler (2), lerá apenas aquilo que escolher. Se encontrar um exemplar de (3) na sua mesinha-de-cabeceira, saberei que lhe transmiti a procura, o desejo de compreender o mundo. À margem disso, havemos de (4) juntos, assistiremos ao (5) do pôr do sol e hei-de dizer-lhe (6) vezes que a adoro. Hei-de dizer-lhe: (1), vem (7) com o pai. Ela há-de chamar-me pai. Dirá: vou já, pai. E quando chegar, terei um sorriso de (8) a esperá-la. Noutro dia, se ela me disser que teve vontade de (9), não irei recriminá-la, irei explicar-lhe que também fui assim. Estive exactamente no mesmo ligar que ela e estive noutros lugares, em topos de montanhas, em vales, em (10), e saberei respeitar todos os lugares onde estará sem mim. Serei (11) às vezes, serei tudo o que for capaz. Levar-lhe-ei (12) rosas no aniversário e uma travessa de arroz-doce, onde escreverei com canela: (1) e Livro.”

Quetzal

263 páginas

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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O DEUS DAS MOSCAS >< William Golding


Não se sabe muito bem como foram lá parar… acho que também não interessa… a verdade é que um grupo de rapazes está efectivamente sozinho numa ilha deserta…

Um grande livro… um grande escritor…

A. S. Byatt referiu que “Nenhum escritor vivo representou tão admiravelmente como Golding a fragilidade da empresa humana.”

A crueza com que é apresentada e evolução e degradação das relações dentro do grupo é assustadora e cruelmente real.

O que é um líder? O que deve fazer um líder? Quem deve ser o líder?

Perguntas difíceis de perceber por um grupo de crianças.

“- E eu que pensava… - comentou o oficial enquanto visualizava a busca que tinha pela frente -, pensava que um grupo de miúdos britânicos… são todos britânicos, não são?... seraim capazes de se organizar melhor do que isto…”

Prémio Nobel de Literatura 1983

Dom Quixote

258 páginas


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a máquina de fazer espanhóis * valter hugo mãe


Com um título e uma capa destas, nunca iríamos imaginar que este livro guarda a história de um grupo de idosos num lar de terceira idade.

Na sociedade de hoje, em que as pessoas não têm tempo para nada, os asilos aceitam-se como uma solução prática e confortável. Este livro não explora esse ponto de vista, apresenta a perspectiva de quem lá vive.

Encontramos um grupo de pessoas tão diferentes quanto as suas vivencias ao longo de uma vida inteira as fizeram ser. Mas em alguns casos, isso não é impedimento para se criarem laços de amizade que não são mais do que verdadeiras tábuas de salvação.

No entanto, são os sentimentos de desespero (quando se chega pela primeira ao lar e se entra no nosso novo quarto), fúria (quando nos tentam convencer que estamos muito bem ali), ansiedade (quando o carteiro chega com a correspondência), tristeza (quando as nossas visitas só nos vêem ver por obrigação), solidão (todos os momentos) e medo (porque a morte também lá vive) que preenchem esta estória.

olhei para a figura da nossa senhora de fátima e falei mudo, tenho pena de ti, metida à cabeceira dos tristes nos lugares mais tristes de todos e agora vens assistir-me, eu que nada tenho para te mostrar que valha o empenho de manteres incessantemente esses olhos azuis abertos, essas mão postas no ar.

ALEAGUARA

312 páginas